
Uma das coisas de que mais gostamos sobre a Tailândia é aquele encanto e aquele lado pitoresco que parece vir sempre ao de cima em todos os aspectos da vida tailandesa, sempre com uma naturalidade que parece orgânica ao país e aos seus habitantes. Dos guardanapos cor-de-rosa em cima da mesa, à fruta cuidadosamente cortada em cima da banca de rua; dos transportes públicos mais fixes de sempre a navegarem por ruas de edifícios coloridos, às pontas dos chedis dourados que se destacam no horizonte.
Todos estes e tantos outros sinais de que estão na Tailândia tornam qualquer passeio por um bairro tailandês num prazer para os olhos, não interessa se estão em Phuket Town, Bangkok ou Chiang Mai. Seja um grandioso templo a ocupar todo um quarteirão ou apenas uma pequena e invulgar caixa do correio no muro de uma casa, desde que mantenham a curiosidade em altas haverá sempre uma elevada probabilidade de que dêem com o nariz num qualquer delicioso indício que não vos vai deixar indiferentes, nem esquecer em que país se encontram.
Já agora, só destacar que aquela parte da “curiosidade em altas” é pretty important. Estamos só a dizer.
Algo que vimos logo na nossa primeira visita a Bangkok (e à Tailândia), em 2015, e que deixou o Miguel particularmente curioso, foram umas figuras algo monstruosas (pelo menos pelos padrões ocidentais) todas vestidas em detalhes de dourado, que víamos um pouco por toda a cidade — desde o aeroporto, a fachadas de edifícios e a templos. Mas especialmente nos murais espectaculares do Templo do Emerald Buddha, dentro dos terrenos do Grand Palace. Nestes murais, as criaturas apareciam nas mais diversas situações, e vistas das mais variadas perspectivas.
Por vezes, como demónios malvados, outras como uma espécie de protectores. Por vezes como figuras divinas, outras como simples soldados.
Aqui e ali, íamos ficando boquiabertos com as magníficas pinturas ou esculturas onde estes personagens tomavam lugar central, mas à volta a Portugal não lhes demos muito mais atenção, apontando-as apenas quando mostrávamos fotos do Grand Palace a curiosos amigos ou familiares.
No entanto, na nossa terceira visita à Tailândia, e enquanto fazíamos uma rua em Chiang Mai que até já tínhamos percorrido umas quantas vezes, demos conta de uma loja para a qual nunca tínhamos sequer olhado antes, mas que se viria a revelar uma das mais surpreendentes que vimos na nossa viagem pelo Sudeste Asiático. Trata-se na verdade de um pequeno estúdio de arte (e loja) chamado Intanu Khon Mask, que fica no centro da Old Town em Chiang Mai, e dentro da qual podem encontrar das mais brutais obras de arte, a maior parte das quais são miniaturas de Máscaras Khon.
O que é Khon e para que são as Máscaras
Iríamos em breve aprender que Khon é o nome de um fascinante bailado dramático (incluindo ainda canto, representação e acrobacias) que é tradicional da Tailândia, e onde os interpretes usam elaborados fatos e máscaras enquanto representam os papéis de figuras como deuses, demónios e macacos, entre outros. As histórias que se desenrolam nas peças de Khon baseiam-se exclusivamente no Ramakien, o conto épico nacional da Tailândia, que é na verdade uma derivação do antigo épico hindu chamado Ramayana, mas transposto para o contexto tailandês. Viemos também a perceber que os murais incríveis que nos deixaram boquiabertos na nossa visita ao Templo do Emerald Buddha em Bangkok eram na verdade representações de histórias tiradas do Ramakien.
Tradicionalmente, as máscaras têm uma importância enorme no Khon, já que servem para mais facilmente identificar os diferentes personagens em palco. Ainda assim, o facto de existirem algures entre 200 a 300 máscaras diferentes significa que as diferenças entre elas são por vezes apenas apreendidas nos mais pequenos detalhes, tornando a arte de as criar tão mais minuciosa.
As Máscaras Khon existem em cinco categorias diferentes: demónio, macaco, celestial (ou divino), humano e animal.
Habitualmente, os personagens que recebem mais atenção são os demónios e os macacos, em especial Hanuman, o macaco general que gozar um dos papeis principais no Ramakien, e cujas características fantásticas incluem uma jóia que possui no céu da boca, bem como o poder de “expelir sóis, luas e estrelas” quando boceja.
Nos dias de hoje, os actores que protagonizam papéis de deuses ou de humanos deixaram de recorrer ao uso das máscaras, utilizando apenas coroas e pintura facial.
Um workshop de Máscaras Khon? Sim, por favor!
Enquanto passear pela loja/galeria e apreciar as obras de arte expostas já é uma experiência única só por si, o melhor que a Intanu Khon Mask tem para oferecer é sem dúvida nenhuma a oportunidade de fazer um workshop e fazer a nossa própria máscara em miniatura!
Bem, na verdade a base da máscara já está feita, visto que se trata de um processo algo moroso, mas ainda assim podemos pintar toda a máscara e algumas vezes até juntar alguns adornos adicionais. Ou pelo menos ver de muito perto estes a serem colocados pelo Yong, o artista e dono da loja.
O Yong começou a fazer miniaturas de máscaras Khon como um hobby que nos últimos anos se tem vindo a tornar uma parte mais séria na vida dele. Agora tem esta galeria/estúdio/loja e está a trabalhar num novo e ambicioso projecto também em Chiang Mai que vai incluir um museu e uma loja centrada em produtos locais. Força, Yong!
Ele gosta de disponibilizar estes workshops de forma a partilhar mais sobre esta arte numa forma diferente, enquanto permite que os visitantes tenham uma experiência mais rica do que é a cultura tailandesa. Ao mesmo tempo, ele admite que receber outras pessoas para pintarem e decorarem as suas próprias máscaras por vezes ajuda-o também a ele a divergir um pouco para outros estilos e fazer a sua arte evoluir por novos caminhos.
Embora fosse o tipo de actividade que habitualmente fica fora do nosso budget, a Mariana decidiu fazer o Workshop e valeu TÃO a pena! Tanto para ela como para o Miguel, que inicialmente tinha planeado levar o portátil e escrever, mas que acabou por passar um dia inteiro (das 10 da manhã às 6h30 da tarde) a vaguear pelo estúdio e pela loja, a fotografar e a fazer vídeos, ou a conversar com o Yong e a aprender mais sobre Khon. Ah! E claro, a beber um delicioso granizado de expresso de uma loja umas poucas portas abaixo, a recomendação do Yong.
Não há número mínimo de participantes, de maneira que a Mariana era a única “estudante” do dia.
O Yong e o seu assistente Panda (achamos que é um apelido) foram-lhe mostrando como executar cada passo do processo, e deram ajuda sempre que ela precisava, dando tempo e espaço para que trabalhasse ao seu ritmo, sem qualquer pressão. E pressão foi coisa que não se viu.
O número de horas passadas a pintar a máscara ficaram ao nosso cargo. Tendo demorado o dia inteiro, podem ver que a Mariana não foi muito rápida. Mas o tempo investido significou uma maior atenção ao detalhe, e isso nota-se claramente no trabalho final, já que a Máscara Khon da Mariana ficou uma pequena obra de arte!
Vejam por vocês mesmos. Não está brutal? A Mariana nunca esperou ter uma máscara pintada por ela que ficasse tão fixe.
Se ficaram com uma pontinha de interesse sequer, relativamente a estas máscaras, mas não planeiam ir à Tailândia ou a Chiang Mai num futuro próximo, podem sempre encontrar estas obras de arte para encomenda online na página de Facebook da Intanu Khon Mask.
Se por acaso acabarem por lá ir, não deixem de fazer o workshop, e dêem um abraço nosso ao Yong e ao Panda!

Sobre nós

Um dia, a Mariana e o Miguel foram viajar e esqueceram-se de voltar.
Melhor. Esquecimento. De sempre.
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